Este artigo examina as condições e as dinâmicas de utilização de competências peritas na militância política. No que pese as diferenças de abordagens, um dos temas constantes tanto na literatura nacional quanto na internacional, diz respeito à importância crescente dos recursos escolares e da legitimidade perita no recrutamento e seleção para os postos de direção em organizações ambientalistas. Com base numa investigação sobre os principais dirigentes das mobilizações e organizações ambientalistas entre a década de 1970-2004, pretende-se evidenciar a hipótese de que a utilização dessas competências no exercício de funções dirigentes resulta de dinâmicas de diversificação do ensino superior e da maior articulação entre formação escolar e engajamento político, por meio da inserção em diversas redes de organizações e "movimentos sociais" no decorrer de seus itinerários familiares, escolares, políticos e profissionais. Os procedimentos metodológicos utilizados para dar conta disso, consistiram na realização de 50 entrevistas biográficas com dirigentes de diferentes tipos de associações ambientalistas, com vistas à apreensão dos itinerários que os conduziram ao engajamento político, dos significados atribuídos à formação profissional e dos tipos de recursos e de vínculos sociais que respaldam suas concepções e práticas militantes. As principais conclusões obtidas demonstram que, ao invés da imposição de um "militância perita", o característico da situação analisada é uma forte imbricação do exercício de funções peritas no ambientalismo com a inserção simultânea em múltiplas redes de organizações e "movimentos sociais" e a ocupação de postos em diferentes esferas sociais com base nos recursos e vinculações políticas acumuladas por meio de tais inserções.
This article examines the conditions and the dynamics of the use of technical abilities in political activism. Notwithstanding differences pertaining to different approaches, one of the constant themes within both national and international literature deals with the growing importance of educational resources and of technical legitimacy in recruiting and selection for leadership positions within environmental organizations. Based on research on the main leaders of environmental mobilizations and organizations between 1970 and 2004, we have seen that the use of technical abilities for the exercise of leadership functions has been a result of the dynamics of an increasingly diversified higher education system and of the greater articulation between educational background and political engagement, as leaders position themselves within a range of organizations and "social movements" over the course of their family, educational, political and professional trajectories. The methodological procedures employed here consist of biographical interviews carried out with leaders of different types of environmental associations meant to capture the itineraries that have led them to political engagement, the meanings given to professional training and the types of resources and social ties that support their conceptions and activist practices. Our main conclusions demonstrate that, rather than "technical activism", the situation is characterized by a strong interrelationship between the exercise of technical functions within environmentalism, a simultaneous participation in multiple networks of organizations and "social movements" and occupation of positions in different social spheres as based on the resources and political ties accumulated through such participation.
Cet article examine les conditions et la dynamique d'utilisation des compétences techniques en ce qui concerne l'engagement politique. Malgré les différentes approches, l'un des thèmes traditionnels aussi bien dans la littérature nationale qu'internationale, est l'importance croissante des recours scolaires et la légitimité technique lors du recrutement et de la sélection aux postes de direction au sein des organisations écologistes. Appuyés sur une enquête sur les principaux dirigéants de mobilisations et d'organisations écologistes entre 1970 et 2004, nous mettons en évidence que l'utilisatin de leurs compétences techniques comme cadre résulte de la diversification de l'enseignement supérieur et d'une meilleure articulation entre formation scolaire et engagement politique, et de leur insertion dans plusieurs réseaux d'organisation et de « mouvements sociaux » au long de leurs parcours familiaux, scolaires, politiques et professionnels. Comme procédé méthodologique, nous avons fait appel à des entretiens biographiques auprès de dirigéants écologistes travaillant dans différentes associations écologistes, tout en visant la saisie des itinéraires les amenant à l'engagement politique, des sens attribués à la formation professionnelle et des types de recours et de liens sociaux ayant soutenu leurs conceptions et pratiques en militants écologistes. Au lieu d' « engagement technique », les conclusions montrent qu'il s'agit plutôt d'une situation de forte imbrication de l'exercice des fonctions techniques et l'insertion concomitante dans l'intérieur de plusieurs réseaux d'organisation et de « mouvements sociaux » et la fonction exercée dans des postes de différents domaines sociaux basée sur des recours et liens politiques cumulés lors de telles insertions.